Dayren Hye

Muitos dizem está tudo bem chorar, mas eu realmente não gosto haha, mesmo quando a maioria das vezes eu já quis fazê-lo. Há muitas coisas que não são necessárias e te fazem perder a cabeça, mas tão poucas capazes de te guiar. Com o tempo você se torna seletivo, exigente com algumas coisas e outras simplesmente são deixadas ao vento. É tudo atribuído ao tempo, no entanto, a verdade é que experiências moldam e dependendo de como você estar receptivo a elas, você afunda, estagna ou avança.  Gostamos de dizer que com o tempo aprendemos e entendemos, porém a única função do tempo é passar a cada ritmo, sem desacelerar ou acelerar. Não é o tempo que cura, que nos faz amadurecer ou até mesmo esquecer de algo, porque há muitos que terminam suas vidas na mais profunda amargura e vazio. É tudo questão do processo, de como você estar determinada a superá-lo.

Seu grito ressoa ao redor destruindo a calmaria. Seu desabafo é como uma bomba que explode machucando a todos. Estar fora de si traz pânico aos demais, mas você está inconsciente disso. Você se agarra ao desespero e depois questiona sobre tudo. Os espinhos que te machucam ou os muros que te impedem são os que você se agarra firmemente, recusando a deixar ir. O foco está errado, você só consegue ver aquilo que quer, escutar o que não é necessário. Querendo ou não querendo está sangrando por suas próprias mãos, suas feridas abertas por suas próprias garras, cuidando daquilo que te esvazia, daquilo que te consome. Deixando de viver para si, para se aprisionar a um passado que não te faz bem. Se sentindo perseguida por suas próprias convicções. 

É tão difícil identificar se tudo é mera coincidência, que todo esse processo geraria tal resultado. Mas as coisas mudaram e é tão perceptível o quanto isso tem se mostrado presente. Qual a necessidade de continuar assim? Um problema não resolvido se torna algo grande no futuro. Hoje não há mais essa possibilidade, então isso significa que já é hora de deixar ir, porque daqui para frente até o pouco que tem pode não existir mais. Não posso contar com todas as palavras para a explicar, pois, isso já é o suficiente para quebrar todo o equilíbrio. 

Essa relação nossa é tão tóxica, essa dependência é doentia. Somos feitos de papel e rasgados a cada briga nossa, mas estamos aqui um ao lado do outro sendo companheiros e inimigos ao mesmo tempo. Essa rivalidade entre nós tem nos matado, cada palavra que é lançada perfura fundo o coração. Estamos no estresse da loucura, vivendo entre o amor e a raiva, guardando as decepções da vida. Juntos causamos dor e separados ficamos sem chão. Escondemos nossos punhais por trás de sorrisos, usamos palavras lisonjeiras para encobrir os espinhos que querem sugar cada gota de sangue. Não nos mantemos firmes em nossos propósitos, escutamos quem não deveríamos e nos arrebentamos em nossas escolhas. 

É como se você sempre estivesse lutando contra algo. Toda essa calmaria não significa nada. Sua determinação é limitada aos resultados. E se tudo for diferente de como você imaginava? Simplesmente disposto a largar as mãos. É tudo uma sensação, mas ainda é uma questão de ser ou não ser. Essa escolha combina mais, uma verdade inegável. E mesmo sabendo é o mesmo de antes, essa montanha é alta de mais e o fim é incerto, caminho perigoso. Apenas... algo frágil que pode ser quebrado, uma barreira invisível, insignificante que ondula mas continua ali imponente. 

Entrei de cabeça, sem cautela alguma, sem querer fazer nenhum questionamento apesar de todas as dúvidas que me rodeia. Até agora tenho escolhido simplesmente ignorar, só que nesse momento eu devo me atrever a dizer? Sendo tão persuasivo assim? Me sinto com tanta ironia, apenas uma brincadeira, ainda penso assim. Realmente haverá alguma diferença para mim? Você desejou algo para mim que nem eu mesmo desejei e agora isso permeia em minha mente, me pergunto se eu realmente posso acreditar? Quero sorrir, mas meus olhos já estão marejados, a música de fundo realmente não ajuda. Você tem tanta certeza? Mas eu sinto que posso me machucar.

Eu quero escrever, eu quero pôr em palavras sentimentos desnecessários. Não é como se fizesse alguma diferença, mas ao mesmo tempo faz. Estou me sentindo entristecido, estou perdido em tais emoções que não são tão profundas. Eu não quero isso, não esse sentimento, me refiro a coisas sem importância. Estou longe, tão distante e por alguma razão isso me dá uma sensação nada legal, no entanto está bem assim, está bem dessa maneira. Talvez, o único problema seria ver aquilo que não deveria ser visto? Haha, não, ainda não é isso, acho que deve ser... sentir falta de algo que não lhe pertence, onde os caminhos não se cruzam. Eu disse que não queria, mas me sinto assim não tendo, porém ainda escolho o mesmo, sem dever nada.

Sinta se estranho, se questione se não é sua sensibilidade. Uma planta em um solo que não lhe pertence, não vamos pensar muito. As vezes eu quero parar, as vezes digo para não se importar ... esse às vezes não deveria existir. É tudo um turbilhão que cerca todas as saídas, então só posso me perguntar se era para ser assim mesmo? O nada é inaceitável e o bastante é insuficiente. E sempre haverá esses momentos que faz parecer que aquilo o tempo todo foi desnecessário. O seu ruim elogiado e o seu bom ignorado, não é um sim para tudo mas um não para ontem. É uma queda sem fundo. 

Deixe-me revisar todo o conteúdo, sou um livro com páginas em branco, a tinta invisível. Não tenho acesso ao assunto, então me perco na terra de não saber o desconhecido. A caneta desliza suavemente pelo papel mas não vejo mancha de tinta alguma. A capa do livro é antiga, no entanto, as folhas são tão novas, o que isso quer dizer? Ele apenas diz que o seu exterior se desgasta, no entanto, o seu interior nunca é o mesmo apesar do tempo, cada dia algo inusitado surge. As palavras não podem ser vistas porque simplesmente são histórias para serem guardadas e apreciadas no seu íntimo, não para te aprisionar visitando elas. Tudo isso faz parte da sua vida, de quem você é e molda o seu futuro. Suas escolhas determinam o seu caminho, mas não o tornam aquilo.

Quero iluminar como o sol ilumina, quero me esconder como as estrelas, um pequeno astro. Quero encantar da mesma forma que a lua hipnotiza, quero mergulhar da mesma maneira que alguém se joga. Eu vivo no mundo do quero e a realidade já é mais como uma fantasia. Não quero brincar nesse jogo e dessa vez vagando, não sinto o chão sobre os meus pés. Tudo é algo novo e também algo ultrapassado. Como as estações do ano passam, cada fase é uma memória para recordar. E se há um motivo para confiar...apenas esqueça haha!

Estou sufocando, estou caindo e quebrando em pedaços. Meu humor está instável, as emoções desordenada. Sou eu que sou errada? Eu não posso duvidar de mim mesmo. Podem dizer, podem insistir mas discordo, então como queres mudar? Essa toxicidade que exalo há muito vem me corroendo, cada tapa me afunda, quanto mais forte, mais caio na real. E nada do que digo pode ser levado em consideração, como devo lidar com essa superioridade que nem fundamento tem? Eu não me envolvo nessas coisas, e agora sou perfurado por lâminas sem um pingo de misericórdia. Só pensam em si mesmos e esquecem aqueles a quem tem ferido. Esses machucados serão curados, mas ainda vão doer por um tempo. 

Estou bebendo esse veneno, consumindo lentamente. Os sintomas aparecem, estou tão confuso. As alucinações tem sido forte, o meu dilema é diferenciar o que é real e o que não é. Estou correndo, correndo até o fôlego não aguentar. Minhas pernas já fraquejam, mas não posso parar de fugir. A cada desatenção é um corte, me pergunto porque não caí? Estou de novo indo contra todas as expectativas, essa flor só sabe roubar minha essência. E se eu virar sei que perco toda a aposta, autoconsciente ao ponto do desastre. Essa loucura é um remédio sem data de validade, o consultório é meu próprio domínio, estou presa nesse labirinto e tudo o que faço é girar em círculos.